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O poder das palavras

Os bobos

Escreve quem sabe

2015-03-29 às 06h00

Joana Silva Joana Silva

O poder das palavras é inimaginável. As palavras (des)codificam sentimentos e emoções. Há quem diga que “Uma palavra certa na hora certa pode mudar uma vida”, assim como há também quem afirme que, uma “palavra errada” jamais é esquecida. Dizem que uma “palavra mal dita”, por vezes, é tanto ou mais intensa que uma agressão física. Na verdade, as palavras podem ser bem ou mal interpretadas pelo receptor a quem é dirigida a mensagem e no que respeita ao último aspeto, em última instância pode conduzir a conflitos, zangas e aborrecimentos.

A comunicação é por si, um processo heterogéneo, bilateral e complexo, isto porque, é entendida, interpretada e sentida de forma diferenciada pelas pessoas. A fim de se compreender tomemos como exemplo a seguinte afirmação, “Vejo que estás de mau-humor. Passou-se alguma coisa?”.

Se para determinadas pessoas trata-se de uma pergunta normal e casual, outras porém podem analisar a mesma afirmação no sentido mais catastrófico, “Ai! Está a dizer por entrelinhas que estou sempre maldisposto?!”Quer-se com isto dizer que a origem de um mal-entendido depende do filtro positivo ou negativo de pensamento do recetor da mensagem.

A comunicação torna-se difícil para quem se rege pelo filtro negativo porque a tendência natural é canalizar para o sentido errado as palavras, tal como diz a célebre expressão “Levar tudo para o mal”.Não só, mas também o facto de ter visões de vida diferentes, a má interpretação das palavras pelo desconhecimento do significado da mesma pode causar mal-entendidos. Exemplificando, “Não vá falar com o chefe, está irrascível.” Se a quem é dirigida esta afirmação desconhecer o significado da palava “irrascível” poderá automaticamente atribuir outros significados que não o original ou verdadeiro do género “ Estará doente? Ficou hospitalizado?!”.

Fica assim comprometido o conteúdo da informação que não aconteceria no caso da substituição da palavra ambígua por outra “não tão cara” (gíria popular). As reações emocionais também por elas próprias ocasionam os mal-entendidos, a híper sensibilidade num dia “menos bom” (portanto nestes dias não é de todo o momento adequado para se transmitir informação), a não compatibilização de feitios, onde não se valoriza a mensagem porque não se gosta ora do emissor ora do receptor “ Não gosta de mim, portanto boa coisa não será”.

Os mal-entendidos devem ser evitados, pois quando a comunicação falha ambas as partes são afetadas. A culpa ou o dano dificilmente é atribuída apenas a um só dos lados, há uma (co)responsabilização de ambas as partes, que deriva do que se escutou, observou, verbalizou, interrogou, analisou e avaliou.

A informação deve ser objectiva, direta (sem duplo significado) e deve partir da própria pessoa e não de terceiros, pois tal como existem boas pessoas também existem as mal-intencionadas, cujo ditado popular assenta na perfeição de que “Quem conta um conto, acrescenta um ponto”. Afirme os seus sentimentos, expressando o que não entendeu e solicite a reformulação da informação quando achar necessário (“Desculpe pode ser mais claro quando afirma...”) e sobretudo no que não gostou mas de forma assertiva.

Deve-se igualmente “separar as águas” entre factos do que realmente aconteceu e de opiniões relativos à pessoa. Utilize o princípio da escuta ativa e da empatia a quando na transmissão de uma informação menos positiva. Mais do que dizer é importante perceber o impacto das palavras e a forma como são ditas. Importa perceber, a reação e sentimentos se estivesse em igual situação. Não podemos controlar o tempo e fazê-lo voltar atrás, também a vida não pode ser regrada por determinados moldes. A filosofia da vida passa pela responsabilidade, ponderação nas palavras e na compreensão de voltar atrás sempre que haja um mal-entendido.

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